DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

POEMA COM GOSTO DE BALA DE GOMA - ou - Coisas que a gente escreve quando come doce demais....

Delicado pode ser o mesmo que complicado, ou pode ser só a melhor forma de definir uma beleza ingênua. De delicados me entupo toda tarde, cariando os dentes numa gula irresistível pela goma colorida e açucarada. 
Delicado é o filho da senhora que assim o define, já que lhe falta coragem para aceitar que ele é mesmo gay.
Delicado pode ser um gesto de amor, de carinho, afeto.
É delicado tudo aquilo que se despedaça com facilidade.
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Em dias complicados, quando a cuca se confunde com a beleza ingênua que insiste em sorrir pra mim, afogo a ansiedade mastigando gomas açucaradas, enquanto desabafo no ombro de um amigo gay.
Chove vontade de dar amor, carinho e afeto, mas fico aqui, despedaçando o coração...
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Se já começa delicado, delicado será seu percurso, delicado será até o fim!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Analisando...

Uma paixão calma (acho que se chama amor) me toma o peito nessa madrugada.
Não é explosiva, não é impulsiva, nem frágil. É uma paixão amena, que acho mesmo, deve ser amor.
Prendi o sorriso nos lábios, aguei os olhos, revi fotos, lembrei dos amigos.

Que coisa é a vida aos 30! Tão mais serena, mesmo no maior dos agitos.
É tão mais fácil amar. Tão mais difícil se apaixonar!

Amar é bom, não engorda e é pra todos.
Ame um vizinho, se ele lhe for bom. Ame muito o seu irmão. Ame seus amigos. Ame que eles te amem. Ame um dia produtivo, suas idéias, seu reflexo.

Ame a vida, mas não se apaixone por ela! A paixão passa, ficam as terapias, o prozac, a busca...

A DESPEDIDA

Nem toda despedida é triste. Mas é sempre trabalhosa, dura, dolorosa...Ainda que se queira ir, há tudo aquilo que deixaremos pra trás, há um novo (e desconhecido) pela frente, há a quebra da rotina, a curva no trilho, a busca da convicção.
Tudo isso fica ainda pequeno quando despedir-se não é um escolha. Ser deixado, abandonado, ter que ir, precisar regressar, não poder mais querer, querer e não ter...
Despedidas são necessárias. São rotas obrigatórias para novos começos.
Despedir-se, assim como apaixonar-se, cega. O amanhã parece impossível, o ontem confuso, o mundo ao redor, insosso, as explicações, inúteis.
Aprender a dar adeus é uma arte. Ou talvez um traje que aprendemos a usar. Vem com a vida, com as perdas, com o tempo. Entender que o novo sempre vem é amadurecer.
Como eram doídas as minhas despedidas!
Como era difícil mudar, renovar, desistir, aceitar.
Me despedi de muitas coisas nessa vida. De gente que amei, que ainda amo, de filmes que acabaram, de dias que ficarão na memória, de lugares inesquecíveis. Me despedi de uma Alice criança, dos tempos de colégio, da virgindade, do desconhecido, da pureza, de medos, de histórias, de planos. Dei adeus a muitos planos. Também me despedi de problemas, de dilemas, de gente ruim, de dias horríveis, de remédios, de vícios, de dores e de escolhas mal feitas.
Por 4 vezes me despedi de um lar. Uma vez de um casamento. Deixei coisas nas gavetas, roupas velhas, escova de dente, poeira, um lustre... Deixei um sonho, um vestido branco no armário, algumas fotos.
Despedidas engrossam a nossa casca, atrofiam o coração.
Despedidas me ensinam a não ter medo de viver - ou será que me ensinam a não sonhar pra não perder?


Adeus casa que acolheu uma família feliz. Adeus casa que nos viu rir, chorar, crescer, querer, mentir, brigar, trair, amar, perdoar, dançar, dividir, namorar, cantar, jogar, nadar, amar, amar, amar. É hora de me despedir do lugar onde tantas despedidas vivi.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

À noite...

O sono, que me é tão raro às vezes, hoje reina absoluto nessa noite fria. O sono, inimigo das idéias, rival maior da concentração, luta firme para me afastar daqui.
Fico diante de uma tela em branco, enfrentando essa embriaguez sóbria, tentando unir os pontos, concluir pensamentos, inventar histórias.
Já de cara abandono os compromissos e deixo pra amanhã o que se pode fazer hoje. Resta ainda um desejo de criar algo novo, provocar, publicar...
O sono, maldito ladrão da genialidade, me torna sem graça, inexpressiva, impotente.
A mente inquieta, o corpo em silêncio, as mãos mais pesadas...
Quase durmo...
Acordo.
Quase escrevo...
Desisto.
O sono, que me é tão companheiro em noites solitárias, é também um amante sem bom senso, intrometido e  invasivo.
O son...
O so...
O...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pé no chão no mundo da lua

Comprei uma marreta e uma estaca esses dias! Vou mandar fincar meu pé no chão.
Ô pessoa pra sonhar...
Acho que mora um bichinho dentro de mim. Inquieto, safado... Insiste que a vida é feita em cores. Tem dias em que é rosa, tem dias em que é azul. Mas é sempre colorida. 
Bons tempos em que o jornal vinha em preto e branco - me trazia pro mundo real. 

O mundo real tem regras - e é numa galáxia muito distante do mundo ideal.
A gente mora no primeiro. 
Eu já sei, mas `as vezes esqueço. Ou vai ver gosto mesmo de me confundir.

No mundo real a gente não diz sempre o que pensa e existe uma palavra chamada segredo. No mundo real a gente não beija quem quiser, e "ninguém é de ninguém" só no carnaval.
O mundo real machuca a gente e é um bocado confuso. 
Eu vivo no país das maravilhas. E nele, como todo mundo sabe, a gente comemora até desaniversário.
Mas o mundo real não entende se você se apaixonar só por 15 dias ou tiver sempre muita vontade de abraçar muita gente. No mundo real nem todo mundo sabe o que é ser amigo de verdade, e quase ninguém diz obrigado.
O meu bichinho aqui dentro, que veio do outro planeta, sofreu pra se habituar! Passou poucas e boas até começar a entender que por aqui nem tudo se resolve sorrindo. Bichinho sofrido esse meu! Penou, penou, mas ficou esperto! 
Aí fizemos um trato: vamos morar por aqui, no meu mundo real. Eu dou a ele casa, comida e roupa lavada. Em troca ele me leva pra passear no Mundo dele sempre que der. Nem que seja sonhando.
Deve ser por isso que tem dias em que o vento na janela do carro parece estar fazendo carinho no meu rosto. E por isso também tem dias em que a música no rádio, tá na cara, foi feita pra mim! Nesses dias só o sol já basta. E dá uma vontade danada de ver gente, usar qualquer roupa, tomar cerveja.

Vivo por aí, no céu...
Eu, meu mundo da lua, meu país das maravilhas, meu mundo ideal.
Eu e o bichinho que mora em mim.
Eu e minhas outras Alices.

Acho que não quero usar a estaca. Até que é bom andar sem pisar no chão...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A cidade dorme

Há noites em que o Rio dorme antes de mim.
Chego em casa questionando onde foi parar a boemia. Não se fazem mais cariocas como antigamente.
Eu que nem sou tão antiga sei que houve um tempo em que o agito fervia na Nascimento Silva. Hoje o vizinho reclama se você ri alto demais depois das dez.
Morar sozinha tem dessas coisas. A gente precisa que a cidade nos faça companhia. Por isso adoro os sábados de verão: A gente já acorda com o sol puxando a coberta.
Há quem conviva bem com o silêncio. Ele me alucina! Faço barulhos constantes na minha cabeça preenchendo o meu dia. Penso em coisas pra escrever, coisas pra dizer, problemas, pendências, compras... Falo sozinha quando acordo, no banho e no volante. Canto! O dia inteiro. Vejo os filmes, leio os livros. Comento-os comigo mesma. Mudo os personagens, improviso diálogos... Falo com a minha mente enquanto faço ginástica, enquanto medito - logo, não medito!
Fui fabricada sem botão de off.
E sempre foi assim. Não é coisa de mulher solitária. Me lembro de, aos sete anos, passar tardes inteiras diante do espelho fingindo ser a Barbie.
Há noites como essa, em que o Rio vai dormir e eu fico de pé. Queria ter uma idéia que mudasse o Mundo. Ou algo que me deixasse rica. Queria não pensar tanto em comida.
Já listei as tarefas de amanhã, o que falta na despensa, as metas de 2012.
O Rio continua dormindo. Não se fazem mais Vinícius de Moraes.
O ócio, todos sabem, pode ser criativo. Mas o ócio é mesmo, por sua natureza, uma grande chatice.

O homem certo

O homem certo não arrota em público e não cospe na rua. Mas se for o homem certo, a gente perdoa.
O homem certo não transa de meia, não assiste jogos de outros times, não vai ao estádio no final de semana. Mas se for o certo, a gente acompanha.
O homem certo te elogia na cozinha, adora suas roupas e repara seu cabelo. Mas se não comentar, tudo bem...
O homem certo arruma a cama, não transforma o tapete do banheiro em uma vitória-régia e sempre pendura a toalha no box. Mas se ele esquecer, a gente dá uma força.
O homem certo estudou e trabalha. Ou ele pode ser só bem esperto.
O homem certo é bonito, mas todo mundo já sabe que o amor é sempre cego.
O homem certo tem mais de 30, mora sozinho e não comeu a cidade inteira. Mentira, esse é o homem que não existe!
O homem certo não liga pro seu passado, mas se ligar a gente esconde.
O homem certo é bom com seus pais, e ai dos seus pais se não fizerem por onde...
O homem certo tem boas companhias, ouve boa música, pratica esporte. O homem certo sabe se vestir, gosta de ir a praia, não enxerga celulite. O homem certo é divertido, faz piada, ri das suas. Mas se ele for mesmo o certo e não fizer nada disso, a culpa pode ser toda sua.
O homem certo é bom de cama, mesmo que seja pra dormir.
O homem certo é bom em te fazer surpresas, mesmo que esteja de calça arriada.
O homem certo adora viajar, mas se não gostar você diz que está sem grana.
O homem certo te acha linda, e se ele não disser é pura desatenção.
Todo homem certo é criativo, flexível, alto astral. Se você não reconhece, pode estar tendo uma TPM das mais longas.
O homem certo traz alguma coisa pro jantar, e tudo bem se for só cerveja.
O homem certo lembra do seu doce favorito, mas tudo bem se ele esquecer de comprar.
O homem certo te faz companhia, te dá a mão, mas não gruda. Tadinho... e se ele estiver muito apaixonado?
O homem certo liga. Mas se for o homem certo a gente liga antes pra garantir.
O homem certo não repara nas mais gostosas. Mentira, esse é o homem gay.
O homem certo gosta de crianças. Vai ver as crianças que não gostam dele...
O homem certo quer ter filhos. Mas se ele for o homem certo e não quiser, você esquece de tomar a pílula.
O homem certo não bate em mulher, mas se não der um tapinha pode ser o homem errado.
O homem certo se organiza, cuida das finanças, planeja as viagens. O homem certo joga junto, vai na frente, toca o barco. O homem certo... tá bom, esse é o homem imaginário.
O homem certo tem mil defeitos. Mas se for o homem certo serão todos uma graça.
O homem certo depende da sua boa vontade ou do grau dos seus óculos.
O homem certo está em algum lugar.
Se você não achou tá na hora de mudar o jeito de procurar!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Um a menos

Hoje vou dormir com um dente a menos. Um que se foi e que não volta mais. Fiquei feliz em ver o mal ser arrancado pela raiz - literalmente. E me fez pensar em quantas outras coisas poderiam ser extraídas sem fazer qualquer falta. Coisas simples, desconfortos, constrangimentos, casos mal resolvidos, beijos ruins, pequenos infortúnios com os quais não faria mal algum viver tendo um a menos.
Não faria mal ter um inimigo a menos.
Nem ter lido um livro chato a menos.
Há uma lista de coisas das quais me pouparia, se pudesse voltar. Já que não posso, ficam aqui na vontade -e no blog:
- Um fora dos muitos que levei dos caras que quis
- Um dos muitos sorrisos que dei com um pedaço de alface entre os dentes
- Uma das mil dietas que não deram certo
- Uma das provas de química
- Uma das decepcionantes revelações físicas entre 4 paredes
- Umas das algumas perguntas idiotas que já fiz a gente importante
- Um dos amigos do cara certo, que apareceram na hora errada. Isso é: antes.
- Um dos pudins entre os tantos que assei e fiz parecer um salsichão doce
- Um dos "eu te amo" que disse antes de amar
- Um dos chopps a mais que tomei aquele dia...
- Uma das milhões de multas que paguei no meu carro
- Um pedido de desculpa a quem não merecia
- Um filme do Godard a menos... não faria falta.
- Um flagra que só serviu pra dar dor de cabeça
- Um dia daqueles de chuva e tédio
- Uma das noites incríveis com o homem errado
- Um dos vários dias sonhando com o impossível
- Um dos péssimos presentes que ganhei e não fui capaz de disfarçar
- Uma das músicas do NX-Zero - qualquer uma
- Uma das cicatrizes que coleciono no joelho
- Um figurino pessimamente escolhido para um evento que deixou muitas fotos
- Um vizinho chato
- Um lasco na minha mesa de jantar - que me deixa louca!
- Uma das noites de choro
- Um dos meus vícios: comer, falar mais do que devo, escolher o sujeito errado
- Um dos textos que nunca devia ter publicado
...
Há uma lista infinita de coisas.
E você, teria um a menos de que?