DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

terça-feira, 31 de julho de 2012

POR AQUI...



Eu li no jornal que a sol virá
e aquela greve vai continuar
Amanhã vai haver passeata
No Nordeste a chuva não é farta
Parece que as coisas por lá hão de piorar

Eu vi no jornal que o dólar caiu
E que o desemprego já diminuiu
Eu sei já parece um começo bom
Mas os hospitais estão sem ultrassom
e o crime já chegou ao Leblon

O rádio não toca mais canções de protesto
Muita gente na rua ainda vive de resto
Mas o rádio só fala de bunda e de festa
Eu devo ter escrito "idiota" na testa
Mulher de respeito é mulher que tem peito

Eu vi na tv que a Europa quebrou
E que querem mudar o regime em Moscou
Eu vi na tv uma nova de Cuba
mas pararam no meio pra mostrar um bunda

Eu li no jornal que o Brasil anda bem
E o povo na igreja cantou em amém
O cinema aguarda o terceiroTropa
pra vermos desgraça comendo pipoca
Se somos cegos assim...
Imagina na Copa!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tudo acaba em samba...


Se eu não sou bom de bola nem de samba
Não dedilho guitarra nem viúva
Se eu não  tenho um amigo lá na rampa
Pra que a grana me caia feito chuva

Se eu não vendo meu corpo alí na esquina
Ou recheio minha calça com propina
Se eu não sou namorado da Madonna
Nem exponho minha vida num  programa

É que eu sou um sujeito de respeito
e vai ser mais difícil eu me casar
Já que não sou compadre do prefeito
Não tem jeito, eu vou ter que trabalhar
...

Se eu virasse artista de novela
Ou cantor de uma praga popular
Se o meu chefe vivesse numa cela
Eu comprava uma casa junto ao mar

Mas eu não cobro a ordem da favela
Nem faturo com obra de fachada
Eu não mancho a honra de uma beca
E não vendo minha alma pra um babaca

Mas eu sou um sujeito de respeito
E vai ser bem difícil me mudar
Eu carrego orgulho no meu peito
Eu prefiro não ter do que roubar

Eu que sou um sujeito de respeito
Sei que vai ser difícil eu me casar
Já que não sou amigo do prefeito
Não tem jeito, eu vou trabalhar

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pra não dizer que não falei de flores (por Alice)


A cor das minhas unhas distraía minhas idéias. Um burburinho, música, olhares pra trás. Acompanhei. 
Ainda entre pensamentos distantes e sorrisos aos que chegavam, deixei a covinha brotar no meu rosto enquanto as crianças passavam conduzindo meu olhar até o noivo. Aguardava  sereno. Ou nervoso? 
A mudança nos acordes anunciava sua chegada.
O jardim ficou mais verde. O dia mais ensolarado.
Ela surgiu. 
Pai ao lado, pé ante pé, buquê na mão, muita coisa na cabeça, olhos só pra ele. 
Atravessou aquele corredor de gente querida exibindo delicadamente o vestido que a descrevia por completo. Lindo, interessante, ousado, puro, particular. 
Eu já não pensava na cor das minhas unhas. Pensava em quantas vezes pintei as dela. E em quantos dias de beleza passamos juntas falando sobre meninos, música, cabelos, roupas, sonhos. Me lembrei do dia em que a conheci através da grade de casa, das partidas de ping-pong, dos shows do Lulu, dos testes de revista, das fotos, das agendas enfeitadas, dos filmes do Di Capprio. 
Lembranças de um tempo em que éramos só eu, ela, e a Mari. Três amigas capazes de qualquer coisa, contanto que estivéssemos juntas.
O padre me trouxe à tona. Um discurso molhou meu rosto de lágrimas. Vieram então o beijo apaixonado, as palmas que fiz questão de puxar, os olhares de quem os ama, a caminhada de volta.
Não há mesmo nada mais bonito que o amor.
Casamentos não me emocionam. A vida sim. Amores sim. 
Há casais por quem torço, e outros que respeito. Há os de quem desconfio, aqueles em que não acredito, e há casais que apenas me trazem paz. São reais, na saúde e na doença, nas brigas e nas pazes, nas juras de amor, nas implicâncias, nas restrições, nas nóias, na rotina. 
Sábado era dia de paz! 
Dia de acreditar de novo no amor, de voltar a ver sentido em tudo aquilo.
Outra Alice nasceu no sábado. Mais uma que se junta às tantas que vivem em mim. Essa Alice chora emocionada porque uma de nós encontrou seu lar. Porque a outra de nós já tem seu sorriso reconstruído em um rostinho de criança. Em dois, pra ser exata. 
Chora porque passamos por muita coisa juntas. Porque chegamos até aqui. Porque somos felizes. Porque nunca nos perdemos, nem nunca nos deixamos. 
Chora porque deixamos de ser três e viramos muitas. Nove, doze, juntas, separadas, antigas, novas.
Não há nada mais bonito que o amor.
E nada me torna mais sensível a ele, do que ele mesmo. 
Alí, diante do amor, amei mais meus pais, minhas amigas, minhas lembranças, as músicas que traziam recordações, os reencontros inesperados, o meu rosto suado no espelho.
Vontade de ter alguém pra amar nos olhos, pegar na mão, pedir perdão, dizer sim.
Alice ficou romântica de novo. 
Descobriu que o céu pode ser cheio de flores. Basta construir lindas guirlandas!
Obrigada, Cris.