DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

VIDA BANDIDA

Eu não sou muito amiga do futuro. Nunca fui boa em fazer planos com ele, nunca falamos a mesma língua. Venho sendo surpreendida há 33 anos. Penso que as coisas irão por um caminho e acabo seguindo em outra direção.
Gente que não tem boa relação com o futuro não costuma ter vida amorosa das mais poéticas. Sou dessas. Dona de vida bandida.
Hoje um amigo que me conhece como poucos me perguntou se eu achava que ficaria pra sempre solteira. Eu ri. Não sei, honestamente. Sou talvez uma das pessoas menos solteiras que conheço. Já tive dois casamentos, não sou de ficar só, me envolvo em velocidade assustadora, arraso quarteirão, monto barraca, faço família. Mas a primavera passa e os ventos me carregam. Sou tantas Alices. Não consigo ser uma só.
Hoje a noite me engoliu assim que chegou. Me carregou num cafuné pra cama, me deixou pensativa, quase triste.  E eu não sou de agarrar tristeza. Ela e o mau humor são das coisas mais chatas num ser humano. Prefiro não ter. Se tenho, nego. As vezes dói, corrói, assola. Não é o caso dessa noite. To legal. Só um pouco sem sal.
Detesto pensar no futuro. Coisa chata é antecipar problema. O agora é sempre certeiro. É ou não é. Bom ou ruim. Real ou impossível.
Se serei para sempre solteira?
Não sei, amigo meu. Serei para sempre eu mesma. Dona de muitas damas, fêmea de muita fama, diva de muitas camas.






quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

PEDIDOS PARA O ANO QUE VEM

Há mais de 25 anos não escrevo cartas ao Papai Noel. Mas todo ano preparo a famosa lista de desejos para o Ano Novo. Nunca sei a quem devo entregar. Talvez por isso aconteça tudo ao contrário! Esse ano resolvi postar online e torcer pra cair no "face" do anjo responsável.

Querido anjo dos projetos impossíveis,
Para o ano de 2014…

…EU QUERO:
- que meu filho cresça
- que minha bunda diminua
- que meu salário aumente
- que as contas fechem!

TAMBÉM QUERO:
- perder 13 quilos
- fazer muita música
- ouvir "mamãe"
- pedalar todo dia.

ACEITO DE BOM GRADO:
- uma casa nova
- duas pernas saradas
- seis acertos na mega sena
- 365 noites de sono...

Atenciosamente,
Alice Demier

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mãe de bebê

Saudade de ouvir aquela música,
aquela que eu só lembro quando toca
e que me toca que só ela…

Saudade de compor alguma coisa
e de escrever sobre quase nada
quando quase tudo me inspirava

Cansada porque os dias ficaram mais longos
os banhos ficaram mais curtos
a vida mais aflita

Te carrego no colo
você chora, eu choro
te nino, te amo, te imploro

Virei mulher porque você existe
Perdi a cintura, perdi a postura, perdi a censura

Sou sua mãe
nos dias bons e nos dias ruins
em todos os meios que justificarem os fins
Agora e em qualquer tempo
ser mãe é meu melhor momento






domingo, 25 de novembro de 2012

terça-feira, 31 de julho de 2012

POR AQUI...



Eu li no jornal que a sol virá
e aquela greve vai continuar
Amanhã vai haver passeata
No Nordeste a chuva não é farta
Parece que as coisas por lá hão de piorar

Eu vi no jornal que o dólar caiu
E que o desemprego já diminuiu
Eu sei já parece um começo bom
Mas os hospitais estão sem ultrassom
e o crime já chegou ao Leblon

O rádio não toca mais canções de protesto
Muita gente na rua ainda vive de resto
Mas o rádio só fala de bunda e de festa
Eu devo ter escrito "idiota" na testa
Mulher de respeito é mulher que tem peito

Eu vi na tv que a Europa quebrou
E que querem mudar o regime em Moscou
Eu vi na tv uma nova de Cuba
mas pararam no meio pra mostrar um bunda

Eu li no jornal que o Brasil anda bem
E o povo na igreja cantou em amém
O cinema aguarda o terceiroTropa
pra vermos desgraça comendo pipoca
Se somos cegos assim...
Imagina na Copa!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tudo acaba em samba...


Se eu não sou bom de bola nem de samba
Não dedilho guitarra nem viúva
Se eu não  tenho um amigo lá na rampa
Pra que a grana me caia feito chuva

Se eu não vendo meu corpo alí na esquina
Ou recheio minha calça com propina
Se eu não sou namorado da Madonna
Nem exponho minha vida num  programa

É que eu sou um sujeito de respeito
e vai ser mais difícil eu me casar
Já que não sou compadre do prefeito
Não tem jeito, eu vou ter que trabalhar
...

Se eu virasse artista de novela
Ou cantor de uma praga popular
Se o meu chefe vivesse numa cela
Eu comprava uma casa junto ao mar

Mas eu não cobro a ordem da favela
Nem faturo com obra de fachada
Eu não mancho a honra de uma beca
E não vendo minha alma pra um babaca

Mas eu sou um sujeito de respeito
E vai ser bem difícil me mudar
Eu carrego orgulho no meu peito
Eu prefiro não ter do que roubar

Eu que sou um sujeito de respeito
Sei que vai ser difícil eu me casar
Já que não sou amigo do prefeito
Não tem jeito, eu vou trabalhar

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pra não dizer que não falei de flores (por Alice)


A cor das minhas unhas distraía minhas idéias. Um burburinho, música, olhares pra trás. Acompanhei. 
Ainda entre pensamentos distantes e sorrisos aos que chegavam, deixei a covinha brotar no meu rosto enquanto as crianças passavam conduzindo meu olhar até o noivo. Aguardava  sereno. Ou nervoso? 
A mudança nos acordes anunciava sua chegada.
O jardim ficou mais verde. O dia mais ensolarado.
Ela surgiu. 
Pai ao lado, pé ante pé, buquê na mão, muita coisa na cabeça, olhos só pra ele. 
Atravessou aquele corredor de gente querida exibindo delicadamente o vestido que a descrevia por completo. Lindo, interessante, ousado, puro, particular. 
Eu já não pensava na cor das minhas unhas. Pensava em quantas vezes pintei as dela. E em quantos dias de beleza passamos juntas falando sobre meninos, música, cabelos, roupas, sonhos. Me lembrei do dia em que a conheci através da grade de casa, das partidas de ping-pong, dos shows do Lulu, dos testes de revista, das fotos, das agendas enfeitadas, dos filmes do Di Capprio. 
Lembranças de um tempo em que éramos só eu, ela, e a Mari. Três amigas capazes de qualquer coisa, contanto que estivéssemos juntas.
O padre me trouxe à tona. Um discurso molhou meu rosto de lágrimas. Vieram então o beijo apaixonado, as palmas que fiz questão de puxar, os olhares de quem os ama, a caminhada de volta.
Não há mesmo nada mais bonito que o amor.
Casamentos não me emocionam. A vida sim. Amores sim. 
Há casais por quem torço, e outros que respeito. Há os de quem desconfio, aqueles em que não acredito, e há casais que apenas me trazem paz. São reais, na saúde e na doença, nas brigas e nas pazes, nas juras de amor, nas implicâncias, nas restrições, nas nóias, na rotina. 
Sábado era dia de paz! 
Dia de acreditar de novo no amor, de voltar a ver sentido em tudo aquilo.
Outra Alice nasceu no sábado. Mais uma que se junta às tantas que vivem em mim. Essa Alice chora emocionada porque uma de nós encontrou seu lar. Porque a outra de nós já tem seu sorriso reconstruído em um rostinho de criança. Em dois, pra ser exata. 
Chora porque passamos por muita coisa juntas. Porque chegamos até aqui. Porque somos felizes. Porque nunca nos perdemos, nem nunca nos deixamos. 
Chora porque deixamos de ser três e viramos muitas. Nove, doze, juntas, separadas, antigas, novas.
Não há nada mais bonito que o amor.
E nada me torna mais sensível a ele, do que ele mesmo. 
Alí, diante do amor, amei mais meus pais, minhas amigas, minhas lembranças, as músicas que traziam recordações, os reencontros inesperados, o meu rosto suado no espelho.
Vontade de ter alguém pra amar nos olhos, pegar na mão, pedir perdão, dizer sim.
Alice ficou romântica de novo. 
Descobriu que o céu pode ser cheio de flores. Basta construir lindas guirlandas!
Obrigada, Cris.