DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Inventando histórias...

HAROLDO E A MORENA
Haroldo não era um homem bonito. Pode-se dizer que era feio. Mas não costumava ter problemas para arranjar mulheres. Mesmo pouco vaidoso, percebeu que estava engordando e resolveu praticar algum exercício diário. Na manhã seguinte acordou bem cedo e foi correr no bosque do bairro. O treino tinha apenas começado quando Haroldo avistou uma linda mulher. Cabelos escuros e longos, seios fartos, pouco bumbum. Era bem o seu tipo. Apertou o passo, emparelhou com a moça e seguiu. A mulher chegou a perceber sua presença, olhou para o lado como quem confere se é alguém conhecido, e seguiu quieta. Quando Haroldo não aguentava mais a corrida, desistiu e foi pra casa. No dia seguinte lá estava ele, no mesmo horário, no mesmo bosque, atrás da mesma moça. Avistou, acelerou, emparelhou e tomou coragem. "Sabe que horas são?", perguntou sem ter uma idéia melhor. Silêncio. Haroldo pensou que poderia ter falado baixo demais e tentou outra vez: "Você corre rápido. Treina há muito tempo?". Aguardou a resposta com um sorriso no rosto, enquanto suava em bicas. A moça interrompeu a corrida bruscamente, virou-se de costas e seguiu retornando em passos lentos. Haroldo ficou chocado. Achou-a um tanto grosseira, indelicada. Não esperava tamanho desaforo. Ficou mesmo indignado. No caminho de casa avistou a mulher do outro lado da rua conversando com um sujeito através da linguagem de sinais. Tudo se explicou! A moça era surda, por isso não o respondeu. Ela nem mesmo o escutou, pensou aliviado. Sentiu-se culpado por ter sido tão cruel em seus pensamentos. Voltou para casa e não tirou a mulher da cabeça. Naquela tarde, nem foi trabalhar. Passou horas no computador aprendendo os sinais para se comunicar. Decorou algumas boas frases e as palavras que julgou mais importantes. Foi dormir empolgado. Pela amanhã saiu logo cedo e foi correr no bosque. Assim que viu a mulher, acelerou a corrida e a alcançou. Respirou fundo, cutucou a moça e quando ela o olhou  fez em sinais com as mãos: "Você é muito bonita. Qual é o seu nome?". A morena não esboçou qualquer expressão, interrompeu de imediato a corrida e saiu da pista. Haroldo não podia acreditar! Quanta arrogância! Que completa falta de educação! Iradíssimo, voltou pra casa e se arrumou para trabalhar na grande empresa onde era presidente. Tirou sua Mercedes conversível da garagem e saiu rumo ao escritório. No caminho avistou a mulher comunicando-se por sinais com o mesmo sujeito em uma esquina próxima. Indignado como estava não pensou duas vezes. Parou o carro ao lado da moça, esperou que ela o olhasse e disse com as mãos "Você é a mulher mais arrogante que já vi". A mulher respirou sem graça, deu uma espiada no carrão de Haroldo, fez cara de anjinha e disse, usando a voz mesmo: "Calma, gato. Deve ter havido algum engano. Eu sou muito distraída... A propósito, esse aqui é meu amigo, Ricardo. Ele é surdo." Haroldo, surpreso em ouvir sua voz e ainda mais surpreso por ser uma voz tão doce, arregalou os olhos e calou-se. Ainda tentava entender o que havia de estranho naquela situação improvável quando a moça perguntou: "O carro é seu?". Haroldo fez que sim com a cabeça. "Me dá uma carona?" disse ela, ainda mais derretida. Haroldo fez que sim com a cabeça. Casaram-se dois meses depois. Moram hoje na maior mansão do bairro onde, diz a vizinhança, a morena passa as tardes com o amigo Ricardão fazendo a linguagem dos sinais com outras partes do corpo.

Moral da história: Tem muito menos mulher surda do que homem cego nesse mundo.

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