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domingo, 20 de dezembro de 2009

Saudade da mãe

Saudade da mãe é uma coisa engraçada.
Não devia nem ter esse nome: saudade. Saudade é outra coisa. É aquilo que a gente sente sobre a juventude, sobre a cidade natal, um amor que está longe... Saudade quase sempre tem a ver com querer ver de novo alguém, ou viver novamente uma história, faz a gente ter lembranças, rever fotos, contar casos...
Você não pensa em nada disso quando sente saudade da sua mãe!
Saudade de mãe é quase uma necessidade de ser frágil. Uma espécie de sinal que o seu corpo - ou sua mente - envia quando precisa que você fique, talvez só por alguns minutos, incapaz.
Aí dá vontade de deitar no colo, de fazer bico que nem criança, de desistir de alguma coisa, ou de tudo. Às vezes vem com o tédio. Mas quando vem com o tédio não é saudade! É provavelmente porque a sua mãe será a única pessoa que não vai estranhar se você ligar sem motivo algum, e talvez nem pergunte por que razão você ligou. (Já reparou que mãe nunca pergunta?) Pode ser também porque mãe sempre tem uma história esquecida, uma queixa a fazer, ou uma fofoca pra contar, e vai te manter ocupado por alguns instantes. Mas é a tal da saudade que me intriga!
A gente não sente essa saudade de pai. Sente sim, aquela que eu falei em cima. Vontade de ver, de ligar... Você lembra que não dividiu com ele uma notícia ou que tinha prometido que iam jantar fora um dia desses. É a tal da saudade, propriamente dita. Mas você não tem vontade de deitar no colo dele! Pensar no pai não faz a gente se encolher devagarzinho feito um feto e ninguém que eu conheça chama pelo pai quando abre um berreiro daqueles. Nem mesmo quem não teve mãe na infância.
Dizem que tem a ver com a gestação, o elo do cordão umbilical, a amamentação. Como se fosse uma questão física, biológica... Faz sentido acreditar que sim se você também teve um pai presente, que te ninava, dava mamadeira, te apoiava nas horas ruins. Vai ver a gente sente remorso por ter chutado durante nove meses, ou começa a dar valor à mãe da gente quando carrega a primeira mochila pesada da escola todos os dias pra lá e pra cá (e olha que mochila a gente tira!).
A saudade de mãe, justamente ao contrário de todas as outras, vem enriquecida com uma dose de amnésia. A gente esquece que já levou tapa na bunda e de quantas vezes disse a ela que não pediu pra nascer. Esquece dos castigos e de todas as vezes que desejou ter a mãe de "todo mundo" menos a sua. A gente só sente uma enorme vontade de se sentir acolhido.
Eu não sei o que é.
Nem vai mudar nada descobrir.
Sei que às vezes dá uma saudade daquelas! Domingo então...

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