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domingo, 27 de maio de 2012

A alma da mente

Sinto às vezes como se eu tivesse duas almas. A alma do corpo - aquela famosa, que vira penada em filme de terror e muda de corpo na reencarnação - e a alma da cabeça. Pode ser só a minha, mas ela parece realmente ter vida própria. Tem dias em que a alma do corpo está leve, o mundo ao redor parece bem, tudo caminha perfeitamente, mas a cabeça não acompanha. Ela simplesmente não se comunica com todo o resto. Não entende os recados, não lê os sinais, não reconhece os códigos.
Já aconteceu com você? Algo como pegar um livro pra ler, virar páginas e páginas, passear os olhos lentamente por cada sílaba e não registrar na mente uma só palavra? Entrar animada numa partida de volei e nunca reparar a bola chegando? Ou iniciar uma conversa onde você faz as perguntas, mas não memoriza resposta alguma?
Acontece comigo o tempo todo. E não é porque estou pensando em outra coisa. Se assim fosse, podia ser a mesma alma, somente perdendo o foco, desatenta... Não é isso! A cabeça está lá, na ação do momento. É a alma da cabeça que não despertou!
Claro que isso é modo de dizer. Eu não acho de verdade que temos uma pequena alma em formato de crânio. Nem sei ao certo se temos uma em formato de gente. Mas foi a melhor forma que encontrei de descrever essa sensação de buraco negro em que me encontro - ou me desencontro - em momentos que costumam durar minutos, mas por vezes se repetem ao longo de meses.
Acabo de passar por uma fase de conflito de almas. Digo que acabo de passar com uma forte esperança e quase tentando me convencer de que ela tenha realmente acabado. Andei desfocada do universo. Acordei, tomei meu café da manhã diariamente, cumpri com as demais refeições que meu organismo exigiu, trabalhei, disquei e atendi o telefone, levei a cachorra na rua, cozinhei pensando na fome dos dias seguintes, fiz compras, aniversário... E não me lembro de ter vivido, e de fato curtido, nenhum desses momentos. Foram como tarefas rotineiras, saídas de uma máquina programada. Feitas com cuidado pela alma do corpo. Completamente ignoradas pela alma da mente.
Maior o tamanho do meu esforço em focar e mergulhar nas ações, maior meu distanciamento.
Em dado momento relaxei. Não diria que joguei a toalha, mas entendi que a alma da cabeça também não iria se entregar pra essa luta. Vivi, portanto, essa semi inércia, cheia de realizações pouco aproveitadas, dando passos sem marcar o caminho, "levando" - como dizem aqueles que vivem sem muito contento.
Acho que passou.
Voltei a frequentar o cinema, andei sugerindo programações, tenho lido e absorvido tudo o que leio. Voltei a publicar no blog.
Recebi hoje pela noite uma mensagem carinhosa de alguém que não conheço, mas percebeu minha ausência na escrita e ficou feliz com o retorno. Fiquei, obviamente, ainda mais feliz com o recado e, nesse momento onde minhas almas parecem estar tão conexas, senti uma quase necessidade de postar algo mais.
Passei então só pra dizer, desse meu jeito de dizer as coisas (com palavras demais e devaneios sem fim), que se há mesmo duas almas na gente, a do corpo e a da cuca, as minhas duas parecem ter entrado em acordo. E como todo casal, é bem possível que a qualquer hora se desentendam. Mas até lá, estarei de volta, atenta ao mundo, rindo das coisas, e contando por aqui.
Obrigada por ler.

Um comentário:

  1. Oi Alice!!

    Adorei o texto e o blog!!
    (De vez em quando é preciso ficar fora do ar...Pra reaprender a respirar!) =)

    Sinta-se sempre bem-vinda n'O Gauche.
    Beijo

    Carol

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