DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A cidade dorme

Há noites em que o Rio dorme antes de mim.
Chego em casa questionando onde foi parar a boemia. Não se fazem mais cariocas como antigamente.
Eu que nem sou tão antiga sei que houve um tempo em que o agito fervia na Nascimento Silva. Hoje o vizinho reclama se você ri alto demais depois das dez.
Morar sozinha tem dessas coisas. A gente precisa que a cidade nos faça companhia. Por isso adoro os sábados de verão: A gente já acorda com o sol puxando a coberta.
Há quem conviva bem com o silêncio. Ele me alucina! Faço barulhos constantes na minha cabeça preenchendo o meu dia. Penso em coisas pra escrever, coisas pra dizer, problemas, pendências, compras... Falo sozinha quando acordo, no banho e no volante. Canto! O dia inteiro. Vejo os filmes, leio os livros. Comento-os comigo mesma. Mudo os personagens, improviso diálogos... Falo com a minha mente enquanto faço ginástica, enquanto medito - logo, não medito!
Fui fabricada sem botão de off.
E sempre foi assim. Não é coisa de mulher solitária. Me lembro de, aos sete anos, passar tardes inteiras diante do espelho fingindo ser a Barbie.
Há noites como essa, em que o Rio vai dormir e eu fico de pé. Queria ter uma idéia que mudasse o Mundo. Ou algo que me deixasse rica. Queria não pensar tanto em comida.
Já listei as tarefas de amanhã, o que falta na despensa, as metas de 2012.
O Rio continua dormindo. Não se fazem mais Vinícius de Moraes.
O ócio, todos sabem, pode ser criativo. Mas o ócio é mesmo, por sua natureza, uma grande chatice.

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