DICA DO DIA

Antes de tudo: Fora Temer!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A DESPEDIDA

Nem toda despedida é triste. Mas é sempre trabalhosa, dura, dolorosa...Ainda que se queira ir, há tudo aquilo que deixaremos pra trás, há um novo (e desconhecido) pela frente, há a quebra da rotina, a curva no trilho, a busca da convicção.
Tudo isso fica ainda pequeno quando despedir-se não é um escolha. Ser deixado, abandonado, ter que ir, precisar regressar, não poder mais querer, querer e não ter...
Despedidas são necessárias. São rotas obrigatórias para novos começos.
Despedir-se, assim como apaixonar-se, cega. O amanhã parece impossível, o ontem confuso, o mundo ao redor, insosso, as explicações, inúteis.
Aprender a dar adeus é uma arte. Ou talvez um traje que aprendemos a usar. Vem com a vida, com as perdas, com o tempo. Entender que o novo sempre vem é amadurecer.
Como eram doídas as minhas despedidas!
Como era difícil mudar, renovar, desistir, aceitar.
Me despedi de muitas coisas nessa vida. De gente que amei, que ainda amo, de filmes que acabaram, de dias que ficarão na memória, de lugares inesquecíveis. Me despedi de uma Alice criança, dos tempos de colégio, da virgindade, do desconhecido, da pureza, de medos, de histórias, de planos. Dei adeus a muitos planos. Também me despedi de problemas, de dilemas, de gente ruim, de dias horríveis, de remédios, de vícios, de dores e de escolhas mal feitas.
Por 4 vezes me despedi de um lar. Uma vez de um casamento. Deixei coisas nas gavetas, roupas velhas, escova de dente, poeira, um lustre... Deixei um sonho, um vestido branco no armário, algumas fotos.
Despedidas engrossam a nossa casca, atrofiam o coração.
Despedidas me ensinam a não ter medo de viver - ou será que me ensinam a não sonhar pra não perder?


Adeus casa que acolheu uma família feliz. Adeus casa que nos viu rir, chorar, crescer, querer, mentir, brigar, trair, amar, perdoar, dançar, dividir, namorar, cantar, jogar, nadar, amar, amar, amar. É hora de me despedir do lugar onde tantas despedidas vivi.

Um comentário:

  1. Lindo texto. Vim aqui porque meu amigo Moskow compartilhou no Facebook. Imaginei que, se não valesse a pena ler, ele não compartilharia. Estava certa. Com o tempo, você verá que seu coração não será atrofiado por despedidas e que, sim, sua casca estará mais resistente, o que não é ruim. E que continuará sonhando. Sonhando os sonhos que valem a pena ser sonhados. Somente estes. Aí, será a hora de você escrever sobre o efeito cicatrizante e, curiosamente, revigorante, que só a passagem do tempo é capaz de promover. Nem a mais irreversível das despedidas, a morte dos que amamos, atrofia nosso coração ou aniquila nossa capacidade de sonhar. Perder faz parte do jogo. Ganhar também. Tenha certeza disso.

    ResponderExcluir