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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pra não dizer que não falei de flores (por Alice)


A cor das minhas unhas distraía minhas idéias. Um burburinho, música, olhares pra trás. Acompanhei. 
Ainda entre pensamentos distantes e sorrisos aos que chegavam, deixei a covinha brotar no meu rosto enquanto as crianças passavam conduzindo meu olhar até o noivo. Aguardava  sereno. Ou nervoso? 
A mudança nos acordes anunciava sua chegada.
O jardim ficou mais verde. O dia mais ensolarado.
Ela surgiu. 
Pai ao lado, pé ante pé, buquê na mão, muita coisa na cabeça, olhos só pra ele. 
Atravessou aquele corredor de gente querida exibindo delicadamente o vestido que a descrevia por completo. Lindo, interessante, ousado, puro, particular. 
Eu já não pensava na cor das minhas unhas. Pensava em quantas vezes pintei as dela. E em quantos dias de beleza passamos juntas falando sobre meninos, música, cabelos, roupas, sonhos. Me lembrei do dia em que a conheci através da grade de casa, das partidas de ping-pong, dos shows do Lulu, dos testes de revista, das fotos, das agendas enfeitadas, dos filmes do Di Capprio. 
Lembranças de um tempo em que éramos só eu, ela, e a Mari. Três amigas capazes de qualquer coisa, contanto que estivéssemos juntas.
O padre me trouxe à tona. Um discurso molhou meu rosto de lágrimas. Vieram então o beijo apaixonado, as palmas que fiz questão de puxar, os olhares de quem os ama, a caminhada de volta.
Não há mesmo nada mais bonito que o amor.
Casamentos não me emocionam. A vida sim. Amores sim. 
Há casais por quem torço, e outros que respeito. Há os de quem desconfio, aqueles em que não acredito, e há casais que apenas me trazem paz. São reais, na saúde e na doença, nas brigas e nas pazes, nas juras de amor, nas implicâncias, nas restrições, nas nóias, na rotina. 
Sábado era dia de paz! 
Dia de acreditar de novo no amor, de voltar a ver sentido em tudo aquilo.
Outra Alice nasceu no sábado. Mais uma que se junta às tantas que vivem em mim. Essa Alice chora emocionada porque uma de nós encontrou seu lar. Porque a outra de nós já tem seu sorriso reconstruído em um rostinho de criança. Em dois, pra ser exata. 
Chora porque passamos por muita coisa juntas. Porque chegamos até aqui. Porque somos felizes. Porque nunca nos perdemos, nem nunca nos deixamos. 
Chora porque deixamos de ser três e viramos muitas. Nove, doze, juntas, separadas, antigas, novas.
Não há nada mais bonito que o amor.
E nada me torna mais sensível a ele, do que ele mesmo. 
Alí, diante do amor, amei mais meus pais, minhas amigas, minhas lembranças, as músicas que traziam recordações, os reencontros inesperados, o meu rosto suado no espelho.
Vontade de ter alguém pra amar nos olhos, pegar na mão, pedir perdão, dizer sim.
Alice ficou romântica de novo. 
Descobriu que o céu pode ser cheio de flores. Basta construir lindas guirlandas!
Obrigada, Cris.

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